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Trabalhadores das três maiores montadoras de Detroit realizam greve histórica nos EUA

Publicado originalmente em operamundi.uol.com.br

Mobilização reúne operários da General Motors, Ford e Stellantis, que reivindicam aumento de 36% a cada quatro anos e mudanças na legislação

VICTOR FARINELLI

Valparaíso (Chile)

A central sindical que reúne os trabalhadores das três maiores montadoras da cidade Detroit, nos Estados Unidos, iniciaram neste fim de semana uma greve que mobiliza dezenas de milhares de pessoas e que está sendo considerada pela imprensa local como uma das maiores da história do setor automobilístico norte-americano.

A paralisação foi iniciada na sexta-feira (15/09), com um comunicado divulgado pelo líder sindical Shawn Fain, presidente do União dos Trabalhadores da Indústria Automobilística (UAW, por sua sigla em inglês). Aderiram ao protesto trabalhadores sindicalizados das empresas Ford, General Motors e Stellantis (dona de marcas como Jeep e Dodge, entre outras).

O UAW reivindica um aumento salarial de 36% a cada quatro anos, contra uma oferta inicial de 20% feita pelas empresas, além de uma jornada de trabalho de 32 horas semanais.

Outro problema manifestado pela central sindical diz respeito à atual legislação norte-americana, que permite a contratação de trabalhadores não sindicalizados por parte de novas fábricas de baterias para carros elétricos – o que resulta, também, em salários menores aos trabalhadores dessas fábricas e em demissões nas empresas que possuem trabalhadores sindicalizados, e que aproveitam a situação para justificar “cortes de gastos”.

Segundo Fain, “esta é a primeira vez na história que realizamos uma greve envolvendo trabalhadores das três grandes (empresas) ao mesmo tempo. Estamos usando uma nova estratégia em um momento decisivo para a nossa geração. Os recursos (para financiar o aumento reivindicado) existem e a causa é justa. O mundo está nos observando. A UAW está pronta para seguir com esta luta até o final”.

A “nova estratégia” mencionada por Fain consiste em fazer uma paralisação escalonada, interrompendo o funcionamento de uma fábrica de cada empresa por vez. Neste primeiro fim de semana, deixaram de trabalhar os operários de uma fábrica da General Motors no estado do Missouri, os trabalhadores de uma fábrica da Stellantis em Ohio e os de uma fábrica da Ford em Michigan.

Somente nessa primeira etapa, cerca de 14 mil trabalhadores estão parados. O plano da UAW é aumentar o número de fábricas e trabalhadores paralisados caso as empresas e o poder público não aceitem as reivindicações.

Greve de 2019

Esta é a primeira greve organizada pela UAW após a pandemia de covid-19. A última mobilização promovida pelo sindicato ocorreu em 2019.

O movimento organizado há quatro anos reuniu cerca de 49 mil trabalhadores da General Motors em Michigan, durante pouco mais de 40 dias, e resultou no acordo coletivo que perdeu a validez justamente na quinta-feira (14/09), véspera do início da paralisação atual.

Efeitos eleitorais

Segundo a imprensa norte-americana, a greve atual pode ter efeitos muito maiores que a de 2019, incluindo possíveis consequências políticas.

Uma paralisação muito prolongada poderia chegar a envolver centenas de milhares de trabalhadores e deixar as concessionárias sem veículos novos, o que se refletiria em um prejuízo significativo para a economia dos Estados Unidos, que já vem sofrendo com uma inflação elevada nos últimos meses.

Os analistas também alertam para a forma como esse cenário poderia afetar o quadro eleitoral no país, já que as próximas eleições presidenciais ocorrerão em 2024.

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