A nova realidade trazida pela pandemia acabou com as barreiras geográficas na hora de fazer contratações.
Com a pandemia do coronavírus, muita gente que trabalhava em avenidas cheias de prédios de escritórios se mudou para frente de uma tela. O home office, que começou como um remédio de emergência, se transformou em uma solução para muitas empresas. Agora, surge uma nova tendência: a migração do trabalho.
“Podemos contratar gente em Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre, ou seja, o acesso a talentos passa a ser nacional e até global. A gente pode buscar as pessoas independentemente de onde elas estiverem”, afirma o economista e empreendedor Ricardo Amorim.
Quando veio a pandemia, uma escola de negócios de São Paulo entregou os escritórios e toda a equipe foi para o home office. Hoje, tem colaboradores em várias partes do país e até do mundo.
“Isso melhora muito a qualidade das aulas, porque a gente tem benchmark de outros países. Por exemplo, podemos falar sobre como funciona a economia de Londres comparada com a do Brasil, com quem vive em Londres”, explica a diretora da escola, Renata Bianchi.
Embora tenha cortado os custos com aluguel de salas, a empresa não economizou e transformou a casa de 110 funcionários em escritórios.
“Nossos colaboradores usam a internet paga por nós. Então, a gente dá um auxílio para que eles possam ter a luz puxada, a internet puxada, todo o suporte que ele até então tinha no prédio, pago por nós”, conta Renata.
Essa realidade era impensável até bem pouco tempo atrás. No Brasil, 8,6 milhões de pessoas estão trabalhando em casa, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas será que o trabalho não fica sem graça dentro de uma sala? Será que as pessoas realmente aguentam ficar o dia inteiro diante de uma tela do computador? Esse é um assunto polêmico, mas a Renata achou um meio de superar esse desafio com a inteligência artificial.
A empresa investiu R$ 5 milhões em plataformas de educação. Para gerar interesse, a inteligência artificial divide as aulas em micro etapas de 15 minutos e cria comunidades de grupos, além de oferecer um ensino que se adapta ao perfil de cada aluno.
“A gente ainda deixa a hora do cafezinho. Colocamos os intervalos e os alunos podem fazer o cafezinho juntos, cada um traz o seu, na frente do computador”, diz a diretora.
“Uma das coisas que eu espero que seja uma consequência é que nós tenhamos relações de trabalho mais saudáveis. Em primeiro lugar, empregadores confiam mais nas suas equipes e, em segundo, trabalhadores são mais responsáveis. E acho que isso pode ser benéfico a todos”, afirma Ricardo.
As aulas à distância também aumentaram a receita da empresa, já que agora o mercado é o mundo. O número de alunos triplicou e agora são mais de três mil. A meta é chegar a 30 mil em dois anos e a produtividade já aumentou 50%.
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